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Seja bem vindo à coleção de plantas carnívoras virtual do Jardim Botânico da UFSM!

- Plantas carnívoras são aquelas que apresentam uma série de adaptações, especialmente em suas folhas, que chamamos de armadilhas foliares e que são utilizadas para atrair, capturar e digerir presas animais, especialmente os insetos e outros artrópodes. Esta digestão se deve tanto à produção de enzimas pela própria planta, como também por meio de associações com outros organismos, como bactérias, fungos e mesmo alguns artrópodes.

- Atualmente existem ca. de 700 espécies de plantas carnívoras, número este que vem crescendo com a descrição de novas espécies, como por exemplo, Philcoxia minensis V.C.Souza & Giul. (Plantaginaceae), endêmica do estado de Minas Gerais.

- No Brasil existem ca. de 115 espécies, sendo considerado o segundo país com o maior número de espécies carnívoras. Os gêneros brasileiros mais numerosos são Utricularia (Lentibulariaceae) e Drosera (Droseraceae), com, respectivamente, 71 e 32 espécies.

De acordo com os tipos e formatos de suas armadilhas, podemos dividir as carnívoras nos grupos apresentados a seguir:

Vamos conhecer melhor cada um dos grupos de carnívoras que temos na coleção do Jardim Botânico da UFSM?

Autoria: Laura dos Reis Damo (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, ex-bolsista FIPE) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020

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Dionaea

     Geralmente quando falamos das plantas carnívoras, a primeira impressão é a de uma planta aterrorizante, que possui uma “boca” enorme, capaz de devorar animais indefesos… Isto porque a imagem da dionéia ou papa-mosca (conhecida pelos botânicos por Dionaea muscipula), com esta aparência feroz, foi, e ainda é, muito disseminada em filmes como “Little Shop of Horrors” (“A Pequena Loja de Horrores”, em português), quanto em jogos eletrônicos, como “Super Mario Bros (Nintendo®)” e “Plants vs. Zombies” (PopCap Games ®).

     Porém, na vida real, essa simpática plantinha carnívora apresenta pequenas armadilhas (com cerca de 2 cm de comprimento) e suas presas não passam de diminutos insetos e aracnídeos, dentre outros artrópodes.

     A dionéia é encontrada naturalmente em uma pequena área pantanosa na costa leste dos Estados Unidos, entre os estados da Carolina do Norte e da Carolina do Sul. Como toda planta carnívora, sua armadilha consiste em uma folha modificada para capturar pequenas presas e, assim, complementar a sua dieta com nutrientes (como o nitrogênio e o fósforo), que naturalmente não são encontrados no seu habitat.

     Uma parte da sua folha (região que os botânicos chamam de limbo ou lâmina foliar) é dividida em duas metades, sendo que na parte interna de cada uma, encontramos três pequenos “sensores” (denominados tricomas). Quando estimulados pela presa, estes tricomas promovem o fechamento da armadilha, impedindo que a presa se solte, e aos poucos vai sendo esmagada e digerida.

     A digestão acontece por meio do contato das presas com as enzimas (substâncias que podem promover ou acelerar reações químicas), produzidas por diversas estruturas encontradas na face interna da armadilha (chamadas de tricomas glandulares). Aos poucos, os produtos desta digestão são absorvidos pelas mesmas estruturas que produzem as enzimas digestivas. A armadilha pode permanecer fechada por vários dias até que a presa seja digerida. As presas menores são digeridas em 2-3 dias, enquanto as maiores podem levar mais de uma semana.

     Mas atenção, se você quiser manter a sua plantinha carnívora vigorosa e saudável por muito tempo, evite tocar a armadilha para forçar seu fechamento e evite “alimentá-la” com frequência. Este movimento geralmente consome muita energia, diminuindo o tempo de vida da armadilha e consequentemente da sua carnívora.

     Outro erro comum dos que iniciam o cultivo da dionéia (e que merece uma atenção especial após a compra da sua planta) é o tipo de substrato. O substrato contido no vaso da sua dionéia deve possuir baixos teores de nutrientes e reter água (algo que elas amam! No verão manter sempre um pratinho com água embaixo do seu vaso!). O musgo Sphagnum, que pode ser encontrado nas floriculturas, é a melhor opção de substrato para utilizar no seu vaso, podendo ser usado puro ou misturado com areia lavada, na proporção 1/1. Evite também adicionar fertilizantes normalmente utilizados em plantas ornamentais.

     Por fim, não se assuste se as armadilhas de sua Dionaea muscipula começarem a diminuir no inverno... Sua carnívora está passando por um estágio de dormência, comum no seu habitat, e logo, logo, na primavera, ela voltará a se desenvolver. Se bem cuidada, inclusive, poderá lhe presentear, ao final da primavera, com belas flores brancas.

 

Autoria: Mariana Sangoi Kupke (acadêmica do Curso de Engenharia Florestal, ex-bolsista PRAE) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Agosto 2018

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Drosera

     Sabia que as espécies de Drosera (Droseraceae) são conhecidas popularmente como “orvalinhas”? Isto se deve à presença de gotinhas brilhantes em suas folhas, que lembram as gotas de orvalho que encontramos nas plantas ao amanhecer. Na verdade, estas gotinhas são uma mistura complexa de substâncias que permitem que a presa fique “colada” na folha. Quanto mais a presa se movimenta, mais grudadinha ela fica, e aos poucos, vai sendo parcialmente digerida por outro grupo de substâncias, que chamamos de enzimas, também produzidas por células especializadas encontradas nas folhas das dróseras.

     Informações botânicas: O gênero Drosera pertence à família Droseraceae (juntamente com a Dionaea). Suas espécies são nativas de diferentes partes do mundo, especialmente das regiões tropicais. Na coleção de plantas carnívoras do JBSM podemos encontrar a Drosera madagascariensis DC. (nativa de Madagascar e África Tropical), Drosera capillaris Poir (nativa da América, incluindo as regiões norte, sudeste e sul do Brasil), Drosera intermedia Hayne (nativa da América, incluindo s regiões norte e sudeste do Brasil), Drosera capensis L. (nativa da África do Sul), Drosera capensis var. alba, Drosera binata Labill. (nativa da Austrália e da Nova Zelândia), Drosera binata var. multifida (nativa da Austrália e da Nova Zelândia) e Drosera tokaiensis T. Nakamura e Ueda (um híbrido natural do Japão).

 

Autoria: Melina Hickmann (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista FIEX) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020.

Pinguicula

     As espécies de Pinguicula (Lentibulariaceae) também possuem folhas pegajosas como um outro grupo de carnívoras, as dróseras ou orvalinhas, com modo de captura bem similar. À primeira vista, não se parecem com uma planta carnívora, pois estas estruturas que produzem a “cola” e as enzimas são bem pequenininhas. Além disto, suas folhas estão bem próximas umas das outras, dispostas em espiral, lembrando bastante as folhas de algumas suculentas. Mas, se olharmos esta espécie bem de pertinho, com certeza encontraremos pequenos insetos em suas folhas…

     Informações botânicas: O gênero Pinguicula pertence à família Lentibulariaceae (juntamente com a Utricularia). Na coleção de plantas carnívoras do JBSM está presente apenas uma única espécie, a Pinguicula gigantea Luhrs. nativa do México.

 

Autoria: Melina Hickmann (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista FIEX) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020.

Nepenthes

     As espécies de Nepenthes (Nepenthaceae) apresentam armadilhas em formato de jarros (que os botânicos chamam de ascídios), formadas na pontinha de suas folhas. O restante da folha é bem parecido com as folhas fotossintetizantes da maioria das plantas com flores. No interior destes jarros, observamos um líquido capaz de digerir parcialmente as presas que são atraídas pelas cores, pelos odores e pelo néctar produzido próximo à abertura do jarro. E se algum insetinho desavisado cair dentro do jarro, não consegue mais sair... Além do líquido, o interior desta armadilha apresenta uma substância bem escorregadia, impedindo que a presa escape...

     Informações botânicas: O gênero Nepenthes pertence à família Nepenthaceae e são nativas de diferentes locais do mundo. Na coleção de plantas carnívoras do JBSM estão presentes a Nepenthes alata Blanco (nativa das Filipinas e da Malásia), Nepenthes bellii Kondo (nativa das Filipinas) e a Nepenthes sanguinea x rafflesiana “Nivea“.

 

Autoria: Melina Hickmann (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista FIEX) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020.

Sarracenia

     Espécies de Sarracenia (Sarraceniaceae) possuem armadilhas em forma de jarros, como as Nepenthes (um grupo bem interessante também de carnívoras). Entretanto, nas Sarracenia toda a folha é modificada para a formação deste jarro complexo! Que tem até uma “tampinha”, denominada de opérculo pelos botânicos. Esta estrutura serve para impedir que a água da chuva dilua o líquido digestivo que encontramos no interior dos jarros, como nas Nepenthes. Então, ao contrário do que muitos acreditam, o opérculo destes jarros não se movimenta para impedir que a presa escape, é mesmo uma proteção para manter a armadilha funcionando direitinho. As folhas das Sarracenia possuem cores vibrantes que imitam flores, cheiros adocicados e uma delícia de néctar para atrair insetinhos mais desatentos.

     Informações botânicas: O gênero Sarracenia pertence à família Sarraceniaceae e na coleção de plantas carnívoras do JBSM estão presentes a Sarracenia leucophylla “Avermelhada” e a Sarracenia psittacina Michx. (ambas nativas dos Estados Unidos).

 

Autoria: Melina Hickmann (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista FIEX) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020.

Utricularia

     A armadilha da Utricularia (Lentibulariaceae) consiste de pequenas bolsas (chamadas de utrículos), submersas ou subterrâneas, capazes de capturar numa velocidade impressionante seres vivos bem pequenininhos como algas, protozoários e mesmo alguns microcrustáceos. É o grupo com maior número de plantas carnívoras . São cerca de 240 espécies, encontradas em praticamente todos os continentes do nosso encantado planeta. No Brasil, os botânicos já registraram, até o momento, 71 espécies de utriculária nativas!!

    Informações botânicas: O gênero Utricularia pertence à família Lentibulariaceae (juntamente com a Pinguicula) e é nativa de diferentes partes do mundo. Na coleção de plantas carnívoras do JBSM estão presentes Utricularia sandersonii Oliv. (nativa da África do Sul), Utricularia graminifolia Vahl. (nativa da Índia e do Sri Lanka) e Utricularia longifolia Gardn (nativa do Brasil).

 

Autoria: Melina Hickmann (acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista FIEX) & Daniela Guimarães Simão (professora do Departamento de Biologia). Santa Maria, RS - Novembro 2020.

ENDEREÇO

Jardim Botânico da UFSM

Av. Roraima nº 1000, Camobi

Cidade Universitária

Santa Maria - RS, CEP: 97105-900

Melina Hickmann - bolsista FIEX 2020. 

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